As exportações brasileiras de produtos avícolas (frango, ovos e material genético) superaram as expectativas no primeiro trimestre de 2025. Enquanto isso, os EUA se tornaram o maior importador de ovos brasileiros em março.
Os resultados foram impulsionados por preocupações com a gripe aviária em importantes regiões produtoras e pelas incertezas comerciais atuais decorrentes das políticas tarifárias impostas pelos Estados Unidos.
Entre janeiro e março, as exportações de frango atingiram 1,387 milhão de toneladas, alta de 13,7% em relação ao mesmo período de 2024. A receita total no trimestre subiu 20,8%, atingindo US$ 2,587 bilhões.
Em março, as exportações ficaram em 476 mil toneladas (13,8% a mais que no ano anterior), com receita de US$ 889,9 milhões (18,5% a mais).
“Surtos globais de gripe aviária aumentaram a necessidade de fornecedores confiáveis, e o Brasil está respondendo com o volume e a qualidade necessários. A China continua sendo um grande comprador, mas também estamos observando uma demanda consistente da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e outros mercados”, afirma Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Ovos para a América
As exportações de ovos atingiram 8.654 toneladas no primeiro trimestre, um aumento de 97,2% em relação ao mesmo período do ano passado, com a receita trimestral aumentando 116,1%, para US$ 17,77 milhões. Somente em março, os embarques atingiram 3.770 toneladas (+342,2%), gerando US$ 8,65 milhões (+383% em relação ao ano anterior).
“Este mês, vimos o impacto tangível da abertura do mercado dos Estados Unidos para ovos processados termicamente do Brasil. Considerando que as exportações representam apenas cerca de 1% da produção total, podemos atender à demanda externa sem comprometer a disponibilidade interna”, explicou Santin.
Genética: mais renda, menos volume
Nos primeiros 3 meses de 2025, as exportações de material genético aviário (ovos férteis e pintinhos de um dia) geraram US$ 62 milhões, um aumento de 7,6% em relação ao ano anterior, mesmo com a queda de 27,8% nos volumes embarcados, para 5.668 toneladas. Somente em março, a receita totalizou US$ 22,3 milhões (+18,4%), enquanto os volumes caíram 35,1%, para 1.777 toneladas.
“Observamos um interesse crescente de países vizinhos por pintos de um dia para aumentar sua produção. Essa tendência consistente desde meados de 2024 reforça a confiança global na genética brasileira, embora os volumes possam oscilar mensalmente”, completa.
Efeitos das tarifas?
Além disso, o efeito global das guerras tarifárias pode abrir novos mercados para as exportações brasileiras, principalmente para a China e o México. Isso porque os Estados Unidos são um fornecedor significativo de produtos avícolas para esses países.
Analistas preveem que o setor avícola do Brasil provavelmente continuará apresentando bom desempenho nos próximos meses, sustentado pela ameaça persistente da gripe aviária em todo o mundo e pela persistente incerteza comercial ligada às políticas tarifárias dos EUA.
Aberturas recentes em mercados como os EUA (para ovos processados) e o México (para produtos de frango) reforçam ainda mais a expectativa de que os fornecedores brasileiros continuarão sendo peças-chave no atendimento à demanda global por aves.