Com décadas de estudos sobre microbiota, resistência antimicrobiana e saúde aviária, o professor Adriano Okamoto, da UNESP de Botucatu, foi um dos destaques da 12ª edição do Phibro Master Science com a palestra “Desvendando o potencial dos probióticos: como maximizar a nutrição e a saúde das aves”. Em sua apresentação, destacou a importância de se compreender que nutrição e sanidade caminham juntas e que, mesmo diante de bons indicadores produtivos, um lote pode apresentar deficiências imunológicas importantes.
Entre os destaques da apresentação, foi abordada a capacidade de determinadas cepas probióticas, como lactobacillus, em inibir a salmonela antes mesmo de sua colonização, especialmente quando ativadas por sinalizadores ambientais. “Você estimula a inibição da salmonela antes da salmonela aparecer”, destacou um dos palestrantes, ao comentar o potencial de aplicação preventiva dessas soluções.
A palestra detalhou o processo de desenvolvimento de probióticos comerciais, desde o isolamento da bactéria até a sua aplicação em campo. Probióticos são microrganismos benéficos selecionados por suas funções específicas, como estimular o sistema imune, combater patógenos ou melhorar o desempenho produtivo. “A maioria dos produtos comerciais é baseada em bactérias ácido láticas, como lactobacillus, enterococcus e bifidobactérias, mas também há bacillus, que são vantajosos por permanecerem no ambiente, criando uma contaminação benéfica na granja”, explicou o especialista. Isso ocorre porque os esporos liberados pelas aves se espalham, promovendo colonização contínua do ambiente.
Além da função antimicrobiana, os probióticos atuam na regulação da acidez gástrica, produção de substâncias como bacteriocinas, peróxidos e ácidos orgânicos, e na modulação do microbioma intestinal. O palestrante enfatizou que “mesmo bactérias resistentes a antibióticos não apresentam resistência a probióticos”, ressaltando sua importância no cenário atual de restrição ao uso de antimicrobianos na produção animal. Ainda foi destacada a importância do uso precoce desses microrganismos, desde o nascimento ou mesmo antes, para acelerar a formação da microbiota e mitigar efeitos de estressores como vacinação.
Sobre o futuro, a perspectiva é de desenvolvimento de soluções cada vez mais específicas para diferentes desafios produtivos, como controle de patógenos pontuais ou melhora de indicadores como produção de ovos ou ganho de peso. “Assim como na medicina humana já temos probióticos voltados para obesidade, sistema nervoso e depressão, na produção animal também caminhamos para produtos direcionados”, avaliou o especialista. Segundo ele, os melhores resultados vêm da combinação de cepas que apresentam desempenho estável em múltiplos testes, ou da formulação de blends com diferentes bactérias, cada uma voltada a uma função específica.