Nutrição mineral inteligente em poedeiras: Como maximizar a produção e aumentar a rentabilidade

Em 2025, o mercado brasileiro de ovos segue em expansão, consolidando-se como um dos mais importantes do mundo. Impulsionado pelo aumento do consumo per capita, pela busca por fontes de proteína acessíveis e pela crescente valorização de alimentos saudáveis, o setor tem registrado avanços notáveis em produtividade e eficiência. O Brasil se destaca como um dos maiores produtores globais, atendendo à demanda interna e ampliando suas exportações para mercados estratégicos.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), diversas mudanças ocorreram apenas no primeiro bimestre de 2025 em comparação com o ano anterior. A expectativa para este ano é um crescimento de cerca de 3,5%, totalizando 59 bilhões de ovos produzidos. As exportações brasileiras de ovos aumentaram 57,5% em relação ao mesmo período de 2024, alcançando 2.527 toneladas exportadas. Esse incremento é, em grande parte, impulsionado pela maior demanda dos Estados Unidos, que enfrentam surtos de gripe aviária e recorrem ao mercado brasileiro para suprir sua necessidade interna. 

​ Paralelamente, o preço da caixa de ovos registrou um aumento expressivo. Entre janeiro e fevereiro, houve uma alta de 15,39%, atribuída principalmente a esse aumento das exportações. Comparando com dados de 2024, em Bastos/SP, o preço chegou a R$ 211,00 em fevereiro, representando um aumento de 46,5% desde dezembro do ano anterior. ​

No entanto, desafios como custos elevados de insumos, oscilações nos preços dos grãos e questões ambientais exigem adaptações constantes por parte dos produtores. Tecnologias inovadoras, como a adoção de aditivos que melhoram a eficiência alimentar e a qualidade da casca vêm sendo fundamentais para garantir uma produção sustentável e economicamente viável.

A nutrição mineral desempenha um papel fundamental nesse contexto. Os microminerais são essenciais para a saúde e o desempenho das poedeiras, influenciando diretamente a qualidade dos ovos e a eficiência produtiva. Elementos como zinco (Zn), cobre (Cu), manganês (Mn), ferro (Fe) e selênio (Se) são indispensáveis para o metabolismo, fortalecimento ósseo, integridade da casca do ovo e proteção antioxidante. A deficiência desses minerais pode comprometer a taxa de postura, aumentar a incidência de ovos com cascas frágeis e elevar a suscetibilidade das aves a desafios sanitários, impactando a rentabilidade da produção.

Além da presença desses elementos na dieta, a forma em que são fornecidos influencia diretamente sua absorção e biodisponibilidade. Fontes inorgânicas, como sulfatos e óxidos, são amplamente utilizadas, mas apresentam limitações na assimilação, podendo interagir com outros nutrientes e resultar em perdas significativas na excreção fecal. Já os minerais orgânicos, especialmente na forma de glicinatos, se destacam por sua maior estabilidade e eficiência, garantindo melhor absorção e aproveitamento pelo organismo da ave.

Os glicinatos são compostos formados pela ligação de um mineral a moléculas de glicina, um aminoácido que facilita sua absorção no trato digestivo. Essa estrutura química evita interações indesejadas no trato gastrointestinal, melhora a retenção dos minerais e reduz a excreção, tornando sua utilização mais eficiente. Estudos indicam que a suplementação com glicinatos contribui significativamente para a melhoria da qualidade da casca dos ovos, reduzindo a incidência de trincas e quebras.

A integridade da casca do ovo depende da correta deposição de carbonato de cálcio e da qualidade da matriz orgânica que sustenta essa estrutura. Zn, Mn e Cu são essenciais para a síntese e manutenção das proteínas estruturais, como colágeno e glicosaminoglicanos, que conferem resistência e flexibilidade à casca. O Fe, por sua vez, participa da formação dos vasos sanguíneos que irrigam o útero da ave, garantindo um suprimento adequado de cálcio durante a deposição da casca.

Pesquisas demonstram que, ao substituir os microminerais inorgânicos por glicinatos, em doses reduzidas, é possível obter ganhos produtivos sem comprometer a qualidade dos ovos. Em comparação com aves que recebem 100% da suplementação mineral por fontes inorgânicas, aquelas que recebem 50% da dose na forma de glicinatos apresentam maior taxa de postura e menor incidência de ovos de casca fina e trincada. Mesmo reduzindo a suplementação para 25% da dose recomendada, utilizando glicinatos, observa-se uma diminuição significativa no número de ovos quebrados, mantendo o mesmo padrão de produção das aves que receberam 100% da suplementação na forma inorgânica.

A tabela e as figuras abaixo fazem parte de um acervo interno da ADM, os quais demonstram e comprovam a eficácia da suplementação de glicinatos, em doses reduzidas, sobre a melhorias da produtividade e da qualidade da casca de ovos.

Tabela 1 – Desempenho de galinhas poedeiras (Lohmann Brown), de 50 a 62 semanas de idade, com diferentes níveis de suplementação mineral.

ITM 100Gly 50Gly 25P-Valor
Consumo ração (g/ave/dia)110.52109.72109.410,9614
Conversão alimentar1.5421.4581.4830,7624
Dureza casca (kgf)4.404.454.430,0931

ITM 100 – 100% da dosagem de microminerais atendida por fontes inorgânicas; Gly 50 – 50% da dosagem de microminerais atendida por glicinatos; Gly 25 – 25% da dosagem de microminerais atendida por glicinatos;

Imagem resultante

Esses resultados reforçam a importância da suplementação estratégica com minerais orgânicos, especialmente glicinatos, na nutrição de poedeiras. Sua alta biodisponibilidade permite não apenas a redução da dose necessária para atender às exigências nutricionais das aves, mas também melhora na rentabilidade da produção ao reduzir perdas por ovos descartados. Além disso, o uso dessas fontes minerais mais eficientes contribui para uma produção mais sustentável, minimizando a excreção de minerais no meio ambiente.

Dessa forma, a escolha de fontes minerais de alta qualidade se torna um diferencial competitivo para os produtores que buscam maximizar a produtividade e garantir a viabilidade econômica da avicultura de postura. A suplementação mineral inteligente, aliada a um manejo nutricional eficiente, é uma estratégia essencial para atender às demandas do mercado e garantir a produção de ovos com qualidade superior.

Fonte: FEED & FOOD

Data da Notícia: 27/03/2025
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