Conheça os benefícios da carne suína na alimentação

Jornal O Presente Rural

Uma questão intrigante envolve a carne suína e sua qualidade. Apesar de ser uma carne de excelente sabor e rica do ponto de vista nutricional, as pessoas ainda têm preconceitos com relação a ela e isto pode ser observado não só entre leigos ou pessoas que estão distantes da atividade, mas também dentre pessoas que trabalham diretamente na atividade e produzem suínos. Por que desacreditamos no nosso produto? Será que realmente falta qualidade no suíno produzido atualmente ou será que falta informação a respeito do mesmo? Desde 2015 realizamos um projeto de extensão na Universidade Federal do Paraná – setor Palotina - com o intuito de promover localmente a divulgação de informações corretas e somar esforços a entidades e associações que têm trabalhado incessantemente para divulgar a qualidade da carne e promover um novo olhar sobre a carne suína, porém, vemos que ainda restam muitas dúvidas e desinformação a respeito deste produto excelente.

Um relato que mais chamou a atenção e deixou a equipe do projeto intrigada durante as apresentações e dinâmicas que são realizadas foi de uma produtora de suínos que é integrada a uma agroindústria. Ela mencionou que não come a carne do suíno que produz para entregar para a agroindústria, mas sim, que só consome a carne do suíno que produz solto, sob outras condições de alimentação e de manejo. Se este fato fosse justificado pelo sabor, até seria compreensível, mas a justificativa é que os hormônios que são utilizados para os animais confinados representam um risco para a saúde dela e de sua família! Ora... se isto fosse verdade, não representaria um risco somente para ela ou para a sua família, e sim, para a população em geral que consome o produto. Mas sabemos que isto não é verdade. Que hormônios não podem ser usados na produção dos suínos modernos, pois existe um acordo com a Comunidade Econômica Europeia que proibiu a utilização de hormônios (substâncias anabolizantes) para uso em animais, não permitindo a comercialização e a importação de carnes que apresentem resíduos dessas substâncias.

Então, por que as pessoas insistem nesta ideia? Por que não conseguimos conscientizar as pessoas a respeito da segurança alimentar do nosso suíno (e também das aves) com relação a não utilização de hormônios na produção? Talvez porque este é um mito que vem sendo popularizado há anos e transmitido de geração em geração, e mitos demoram para ser desmitificados. Desta forma, percebe-se que trabalhos de conscientização são fundamentais para informar, divulgar o conhecimento correto e fazer com que as pessoas possam confiar na qualidade do nosso produto e possam consumir com segurança. Então, seguem algumas informações muito relevantes com relação a nossa carne suína e que devem ser de conhecimento de todos os envolvidos na cadeia de produção e também dos consumidores.

Os consumidores que têm medo de comer carne suína, pois julgam que esta pode aumentar o risco de ocorrência de problemas cardíacos, diabetes ou câncer, podem estar seguros que o consumo dos cortes nobres e com baixo teor de gordura não representa risco sob este ponto de vista. Estudos demonstram que o consumo de carne suína não tem influência no desenvolvimento de cardiopatias. Vale a pena repensar o estilo de vida, a alimentação e a prática de esportes na prevenção destas enfermidades, mas apontar a carne suína como vilã para elas e sugerir que a carne de porco seja abolida da dieta não se justifica. A carne é um dos alimentos de grande importância simbólica na história humana, de grande valor nutricional e permanece como item alimentar que constitui critério essencial para a determinação da qualidade de vida de uma população.

Além das crenças errôneas a respeito do risco de doenças cardíacas, muitos atribuem algumas parasitoses em humanos à ingestão de carne suína, como por exemplo a teníase-cisticercose. O suíno moderno nasce e é criado confinado em instalações ambientalmente controladas, alimentados com dietas formuladas a base de milho, farelo de soja, fortificadas com níveis de minerais e vitaminas e todas as etapas da cadeia de produção seguem rigoroso controle de qualidade. Além disso, não têm contato direto com o solo, o que mitiga os riscos de contaminação por ovos da Taenia solium, razão pela qual a prevalência da cisticercose nesse animal atualmente é insignificante (menos de 0,1% - dados da Inspeção Oficial). Portanto, os riscos de adquirir teníase ao ingerir carne suína são mínimos, e podem ser nulos quando se observa a procedência dos produtos cárneos suínos que devem ser de abatedouros que têm serviço de Inspeção (Municipal, Estadual ou Federal). Além disso, o risco de adquirir cisticercose a partir da ingestão de carne suína malpassada é zero, já que esta enfermidade é adquirida pelo ser humano pela ingestão de frutas ou verduras contaminadas com os ovos da Taenia solium (eliminados por outro ser humano contaminado) ou através de auto-infestação.


SE LIGA

A carne suína produzida atualmente é resultado da evolução tecnológica da indústria alimentícia e apresenta reduzido teor de gorduras, calorias e colesterol quando comparada com a carne de porco produzida há décadas atrás. Evidente que estamos tratando de cortes dos quais se retira o toicinho, que é a camada adiposa do animal (com alto teor de gordura e colesterol) e que facilmente pode ser retirado da porção cárnea quando se deseja um produto mais saudável. A riqueza nutritiva da carne suína está principalmente no conteúdo de proteínas de alto valor biológico, ácidos graxos monoinsaturados, vitaminas do complexo B (especialmente tiamina e riboflavina), ferro, selênio e potássio. Com relação ao teor de colesterol, vale destacar que o nível de colesterol da carne suína produzida atualmente é 10% menor do que o da carne que era produzida antigamente e que quando comparada com outras carnes, este teor de colesterol é o mais baixo. Além disso, o colesterol é uma composição de extrema importância na qualidade de vida dos animais, pois é elemento fundamental para controle hormonal e das vitaminas, sendo assim, um precursor da manutenção vital do organismo. Por volta de 70% total do colesterol de um indivíduo é produzido pelo próprio organismo, e o restante é extraído de fontes animais, dentre elas a carne suína.


E TEM MAIS

Por conter menor teor de sódio (cuja ingestão excessiva está associada à hipertensão e aumento do risco de doenças cardiovasculares) do que as demais carnes e maior teor de potássio, a carne suína é potencial aliada ao controle da pressão arterial. Por esta razão, indivíduos hipertensos, além do uso regular de medicamentos apropriados e redução no conteúdo de sal na sua dieta, podem ser orientados a ingerir carne suína como auxiliar no controle da hipertensão. A elevada concentração de ferro na carne suína faz com que esta possa ser utilizada como alimento preventivo à anemia ferropriva que é uma doença comum em crianças e mulheres. De maneira geral, as carnes são mais eficientes para a absorção de ferro quando comparado ao ferro presente nos vegetais, pois sua molécula na carne (ferro heme) sofre menos interação com outros nutrientes, o que torna o ferro mais biodisponível.


BANHA, O 8º ALIMENTO MAIS NUTRITIVO DO MUNDO
Por: Daiane Gullich Donin - Professora da Universidade Federal do Paraná, campus Palotina

E para finalizar, ressalta-se o importante papel da banha suína na alimentação. No passado as famílias utilizavam este produto na culinária e tinham como benefício não só a agregação de sabor ao alimento como também o aproveitamento do potencial nutritivo da banha. Para surpresa geral, a banha foi eleita o oitavo alimento mais nutritivo do mundo, numa pesquisa recente feita por um grupo de cientistas da Fundação Nacional de Pesquisa da Coréia do Sul que testou mais de 1000 itens para descobrir os mais completos e saudáveis. Esta pesquisa elencou os 100 alimentos mais nutritivos, sendo que a banha suína representa o único alimento derivado de animais de criação ou carne vermelha a fazer parte desta seleta lista de alimentos mais nutritivos.

Isto nos causa surpresa e muita satisfação, pois o mito de que a banha é prejudicial à saúde mostra-se infundado e atualmente desmitificado por esta pesquisa recente. A gordura suína é fonte significativa de ácidos graxos em equilíbrio entre os ácidos graxos saturados e insaturados e a segunda maior fonte alimentar de vitamina D (depois do óleo de fígado de bacalhau), uma opção barata para a culinária e que deve ser incorporada ao nosso cardápio por apresentar benefícios a saúde. Neste contexto, fica a resposta para nossa pergunta.... Devemos dizer sim à carne suína, e promover a divulgação destas informações visando popularizar estas questões e desmitificar a carne suína, demonstrando sua qualidade e benefícios à saúde.



Data da Notícia: 26/11/2018
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